12 de mai. de 2018

O Feno na Alimentação de Caprinos e Ovinos


Introdução

Inúmeras alternativas são encontradas para o fornecimento de volumosos de qualidade para alimentação dos rebanhos no Nordeste brasileiro. Entretanto, pelas facilidades nos processos de produção e armazenamento, bem como pela sua qualidade nutricional, a administração de feno é uma das alternativas mais viáveis para os sistemas de produção nordestinos. O feno é obtido mediante a exposição ao sol e ao ar da planta cortada, que sofre dessecação lenta e parcial, de modo que a sua taxa de umidade, originalmente de 60% a 85%, seja reduzida para teores entre 10 e 20%, com perda mínima de nutrientes, maciez, cor e sabor.
A fenação é um processo simples e econômico, sendo recomendável por oferecer algumas vantagens. Sua execução não apresenta dificuldades que impeçam o pequeno criador de realizá-la com o emprego de recursos manuais, ao passo que o grande criador pode fazer em larga escala com o auxílio da mecanização. O armazenamento do feno pode ser realizado em galpões, ou cobertas próximas aos apriscos. Sua distribuição é simples, o que facilita muito a logística do manejo alimentar do rebanho.

Espécies indicadas à fenação

As características desejáveis numa planta forrageira destinada à fenação são alta relação folha: colmo, o que facilita a perda de água, adaptação e tolerância ao corte, rendimento forrageiro e a qualidade de forragem.
Quanto às plantas a serem fenadas, devem-se considerar as leguminosas e as gramineas. Entre as leguminosas, destacam-se, nas condições de semiárido, a leucena como espécie exótica e a catingueira e o sabiá como opção de espécie nativa. O feno dessas espécies, quando bem feito, apresenta elevado teor de proteína e é bem aceito pelos animais. Entre as gramíneas, destacam-se o capim-buffel e espécies do gênero Cynodon (Tifton, grama bermuda e capim gramão). Além desses exemplos, pode ser citado ainda o capim massai, que apresenta grande potencial para fenação, por possuir elevada relação folha: colmo, boa aceitação pelos animais e produção de massa verde, mesmo em condições de restrição hídrica.

Etapas da fenação

  • Corte: a primeira etapa na produção de feno é o corte que pode ocorrer de forma mecânica ou manual. O período da manhã é o mais indicado para se realizar o corte por possibilitar maior desidratação da planta no fim do dia. Quando se trabalha com forrageiras com colmos mais grossos, recomenda-se a utilização de uma secadora condicionadora para facilitar a perda de água pela planta. Para a fenação de espécies de colmo mais grosso, como é o caso do capim elefante, recomenda-se a picagem da biomassa em particular de 3 a 5 cm e sua secagem em solário ou sobre lona. Na ocasião do corte, as plantas apresentam teor de umidade de 80% – 85% que necessita ser reduzido a níveis de 12%–15% para proporcionar uma preservação estável da forragem fenada.
  • Secagem: a desidratação a campo, nas etapas iniciais, pode ser acelerada de três a quatro vezes, se a planta for submetida a um processo capaz de revirá-la e afofá-la, permitindo a entrada de ar e raios solares. Essa prática produz, em média, um aumento de 30% na taxa de desidratação, o que pode reduzir o tempo de secagem a campo de duas a oito horas. Se permanecer no campo por mais de um dia, o material deve ser enleirado para evitar o efeito do orvalho e das chuvas eventuais. A ação de espalhar e enleirar o material cortado pode aumentar a queda de folhas
  • Enfardamento e armazenamento: a última etapa de processo de fenação consiste no armazenamento do feno quando atingir a umidade de equilíbrio ou “ponto de feno”, isto é, quando a perda de água é igual ao ganho obtido pelo ar. O teor de umidade do feno no momento do armazenamento é o mais crítico fator determinante do êxito ou fracasso da fenação. A umidade final do feno deve-se situar entre 12%–15%. O armazenamento de fenos com teores de umidade acima de 20% resulta na elevação das perdas de matéria seca decorrentes da contínua respiração celular e do desenvolvimento de microrganismos.
Na prática, a determinação do ponto de feno pode ser feita diretamente no campo, torcendo o feixe de capim. Se surgir umidade e, ao soltar, o material voltar à posição inicial rapidamente, ainda não está no ponto; se não surgir umidade e, ao soltar, o material voltar lentamente à posição inicial, sem rompimento de hastes, está no ponto. Outro método para verificação do ponto de fenação é usar a unha para verificar a umidade dentro do colmo e dos nós de gramíneas e nos caules finos de leguminosas. O ponto ideal de fenação é quando não houver nenhuma umidade.
Outro aspecto no processo de fenação diz respeito à escolha da área destinada à produção de feno, que deve ser plana, sobre solo de boa fertilidade e bem drenado e que possibilite a utilização de maquinário (quando for conveniente). Considerando que a colheita da forrageira representa grande retirada de nutrientes do solo, principalmente N e K, faz-se necessária adubação periódica (após cada corte) para que seja mantida a fertilidade do campo de fenação.

Qualidade do feno

A qualidade do feno é afetada por diferentes fatores, tais como: estágio de maturação da planta, espécie forrageira, composição química, forma física, impureza, deterioração durante o corte, condições de armazenamento e presença de componentes antinutricionais. A maturidade é o fator mais importante na determinação da qualidade do feno. Com o avanço da maturidade, ocorre aumento na quantidade de material fibroso que tem qualidade reduzida, resultando em diminuição da digestibilidade e do consumo.
O estágio fenológico no momento do corte tem grande influência no rendimento por unidade de área, valor nutritivo, palatabilidade, digestibilidade, proporção de folhas, coloração e teores de proteína, fibra do feno produzido. Deve-se buscar sempre um ponto ótimo entre a qualidade e a quantidade produzida. Plantas novas são mais nutritivas, entretanto quando cortadas nesse estágio, a produção total é menor. Plantas mais velhas têm menor qualidade nutricional, baixo teor proteico e elevada fibra, mas têm uma produção maior. A presença de mofo e bolores diminui a palatabilidade e o valor nutritivo do feno, além de ser perigosa para a saúde do rebanho.


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