7 de set. de 2016

Criação de Bovinos de Corte (Introdução e Importância)

Introdução

Dentre os principais fatores inibidores da produção de carne bovina no Brasil, estão aqueles inerentes ao processo produtivo, ligados a alimentação, sanidade, manejo e potencial genético. Os sistemas de criação, normalmente extensivos em regime de pastagens, sujeitam os animais à escassez periódica de forragem, comprometendo seu desenvolvimento e sua eficiência reprodutiva, e concentrando a oferta de carne em determinada época do ano. A falta de adequação do potencial genético dos rebanhos ao ambiente e ao manejo, ou vice-versa, também é um dos principais entraves do setor produtivo. Esses problemas culminam em subutilização dos recursos disponíveis, resultando em baixa produtividade, sazonalidade de produção e, conseqüentemente, baixa disponibilidade de proteínas de origem animal para o consumo humano. 
Nas condições atuais, com o alto custo do frete, a instabilidade da oferta durante o ano e a concorrência de outras atividades, principalmente em determinadas regiões do País, a competitividade tornou-se elemento fundamental no setor pecuário de corte e, com ela, a necessidade de se disponibilizar, para o mercado consumidor, produtos de qualidade a um preço acessível. Produzir de forma eficiente e eficaz tornou-se sinônimo de sobrevivência ou permanência no negócio.
Outro aspecto de extrema importância e que tem influência direta nos sistemas produtivos é a preocupação com a sustentabilidade. Deve-se mencionar a possibilidade de o Brasil, nos próximos anos, se fortalecer como fornecedor mundial de carnes, com reflexos positivos na captação de divisas para o País, além do potencial de incremento de consumo de carne bovina no mercado interno. Quanto ao mercado externo, é importante ressaltar as exigências de controle ambiental colocadas pelos países ricos, que se traduzem em imposição de padrões de requerimentos semelhantes para as importações. Nesse contexto, torna-se fundamental, entre outros fatores, que se atendam às exigências sanitárias, envolvendo tanto a questão de saúde do rebanho como da saúde pública. 
A inserção definitiva da carne bovina brasileira na economia mundial e o seu fortalecimento interno, nas próximas décadas, dependem da capacidade que os sistemas de produção e os demais segmentos da cadeia de produção tenham de disponibilizar produtos saudáveis; de utilizar de forma conservadora os recursos não-renováveis; de garantir o bem-estar social; de aumentar a participação no mercado externo; e de contribuir para a melhoria da eqüidade social. 
A pecuária de corte intensiva pode contribuir de maneira significativa na promoção do desenvolvimento do setor de produção de carne bovina no País, uma vez que favorece a utilização racional dos fatores de produção e do potencial e da diversidade genética animal e vegetal. 
Nesta publicação, são fornecidas informações úteis àqueles que desejarem intensificar seu sistema de produção de carne bovina.

Importância econômica

A produção de carne bovina assume posição importante, com valor da produção em 2001 de aproximadamente US$ 9 bilhões, representando cerca de 1,8% do PIB brasileiro (US$ 504,11 bilhões).
A média do consumo de carne bovina no Brasil foi de 36,5 kg de equivalente-carcaça/pessoa/ano em 2000, sendo superado em nível mundial apenas pelo Uruguai (75,3 kg), pela Argentina (69,0 kg), pelos EUA (45,3 kg), pelo Paraguai (43,0 kg) e pela Nova Zelândia (42,4 kg). Contudo, há de se considerar com cautela os dados de consumo per capita no Brasil, em conseqüência da elevada concentração de renda. Políticas que favoreçam a eqüidade na distribuição de renda poderão elevar o consumo per capita de carne bovina no Brasil. 
A análise detalhada da Tabela 2.1 evidencia os movimentos do consumo per capita de carnes e ovos em função da renda per capita. Pode-se observar que nos anos com maior renda per capita, 1995, 1996, 1997 e 1998, o consumo de carne bovina foi maior, havendo redução do consumo em 1999 e 2000, quando a renda per capita foi menor, e elevação do consumo per capita de carnes de frango e suína, comparativamente aos anos anteriores.  
A produção animal é uma tarefa bastante complexa. A redução dessa complexidade a uma simples questão de tecnologia pode ser um dos fatores que interfere na capacidade da pesquisa em resolver problemas do setor agropecuário. O baixo nível de adoção das tecnologias pode ser um dos indicadores desta visão simplificada da pesquisa. No entanto existem exemplos de sucesso na utilização das tecnologias como: a ampla distribuição geográfica da raça Ibagé; a utilização da consorciação de trevo branco, azevém e cornichão como principal alternativa forrageira na região sul do Brasil e a dosificação estratégica no controle parasitológico. Durante muito tempo tem sido buscado incremento na produção, via introdução de tecnologia, porém incrementar a produção sem uma visão da cadeia produtiva, pode resultar em prejuízos aos produtores pela queda dos preços do produto. Desde as últimas décadas, têm sido buscadas alternativas para aprimorar os sistemas de produção de bovinos de corte, seja através de alternativas isoladas, seja através de pacotes tecnológicos. Hoje há uma nova realidade: é necessário produzir com sustentabilidade, garantindo a continuidade da "exploração" animal pelas gerações futuras num dado ambiente. Assim, nos sistemas de criação de bovinos de corte, cada vez mais é importante o estudo das interações entre todos os fatores bióticos e abióticos que levam às respostas produtivas desejadas. O rebanho brasileiro é de 157,5 milhões de cabeças, dos quais 13,47 milhões no Estado do Rio Grande do Sul. A produção brasileira de carne é de 7,3 milhões de toneladas, sendo a participação do Rio Grande do Sul de 604.147 toneladas, ou seja, 8,2% do total brasileiro. A carne bovina é um dos principais itens na pauta de exportação do país que representa uma quota significativa da balança de pagamento, além de gerar empregos nos setores primário, secundário e terciário. A fase de terminação é o sistema de produção típico como fonte de renda na região sudoeste do Rio Grande do Sul, que é responsável por cerca de 30% do abate oficial do Estado. Esta publicação descreve um conjunto de alternativas que, uma vez incorporadas aos sistemas de produção existentes, melhoram os coeficientes produtivos da fase de terminação, contribuindo para a sustentabilidade da atividade. 






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